quarta-feira, 21 de abril de 2010

Olhos do Coração


Olhos do Coração

Era uma vez...

Em uma floresta encantada, onde viviam vários bichos e aves, cada um mais lindo do que o outro de variadas espécies. A floresta era encantada porque lá, todos os bichos conversavam entre si.

Entre as aves, vivia lá, dona Coruja e o dom Gavião. Ele era o terror da vizinhança, não por ser mal. Mas, por ser um grande caçador. Era da natureza dele, caçar e comer os filhotes das outras aves. E esta é a estória entre dona Coruja e ele.

Por conta desta natureza que ele tinha, todas as mães aves ficavam de olho em seus filhotes para não pegas de surpresas. Pois elas nunca sabiam quando ele iria sentir fome. Razão pelas quais os pais estavam sempre atentos para não ser pegos desprevenidos.

Dona coruja, coitada, sofria muito com isso. Pois seu marido o dom Coruja estava doente, acamado, não podia ajudá-la com os filhos e nem caçar. Tinha que ser ela, mais só saia de casa quando a fome apertava muito, pois tinha medo de deixa seus amados filhotes sozinhos. Só saia quando eles choravam muito de fome. Aí saia para caçar ratos e camundongos, ia em pé e voltava no outro.

Por amor e zelo a sua família, ela se fez comadre do dom Gavião, pensando que assim, iria impedi-lo de comer seus filhotes.

Mas, em certa manhã, quando saia de casa em busca de comida para sua família, encontrou no caminho o dom Gavião que também estava indo caçar.

Ela disse,


-Bom dia compadre!

Ele responde,

-Bom dia comadre!

-O senhor está indo caçar?

-Sim comadre, é a vida de um gavião.

-Queria pedir um grande favor para o compadre.

-Peça comadre.

-Que o senhor não comesse meus filhotes, pois estão sozinho no ninho, o senhor Coruja está muito doente para ir em busca de alimentos, tenho que ir eu mesma.

-Claro comadre! É só a senhora me dizer como eles são que estarão a salvo. Não os como e a senhora irá poder caçar com tranqüilidade.

-Eles são os filhotes mais belos de toda a floresta. Cada um mais bonito do que o outro. Em toda a floresta não tem filhotes como os meus.

-Então está certo comadre. Já sei, pode ir tranqüila.

Despediram-se e ela foi tranqüila caçar.

Quando dias depois ele a encontra na maior tristeza e chorando sem parar, dava pena ver o sofrimento dela.

-Comadre! Porque a senhora está assim? O que houve? O compadre não melhorou?

-Compadre, ele está melhor. O problema são meus filhotes.

-O que houve com eles?

-O senhor prometeu que não iria comê-los. E os comeu. Quando cheguei a casa, só havia as peninhas deles que o senhor deixou lá. O senhor havia prometido. Mais não cumpriu com sua promessa.

-Comadre! Sempre cumpro o que prometo. Tenho certeza que não os comi. A senhora me disse que eles eram os mais belos de toda a floresta. Procurei os mais feios de toda a floresta para comer.

-Meus filhos para mim, eram os mais lindos! E o senhor os comeu.

Então ele entendeu que eram os dela mesmo que havia comido. Só que, mesmo sendo os mais feios de toda a floresta, ela que era mãe, os vias lindos. Como entendeu também que para as mães, seus filhos são sempre os mais belos.

Ele pediu muitas desculpas e disse a ela que sentia muito, que isso não iria acontecer novamente quando ela tivesse outra ninhada de filhotes. Que isso, havia servido de lição para ele, pois quando uma mãe falasse da beleza dos seus filhos, ele iria prestar mais atenção e perguntaria primeiro antes de comer para não cometer o mesmo erro.

Ela o entendeu e aceitou as desculpas dele. Porque se para ela seus filhos eram bonitos, para os outros, poderia não ser. Pois ela os vias com os olhos do coração que é o amor de mãe. Ela o perdoou porque assim como ele, também era uma caçadora. E no reino animal, ódio e rancor não tem lugar para existir e coabitar entre os animais.

E assim, todos viveram felizes para sempre. E dona Coruja logo teve outra ninhada de filhotes e o dom Gavião não passo nem perto para não sentir-se tentado a caçar.

Lucimar Alves



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