domingo, 10 de janeiro de 2010

A Bicicleta


A Bicicleta


Meado dos anos sessenta em uma pequena propriedade rural no interior de Goiás vivia com sua família, Baltazar, homem simples, de pouco estudo, aprendeu somente a ler e a escrever. Mas, habituado com a labuta da roça de sol a sol.
Diferente do seu irmão Antônio de apelido Tônico, que o pai mandou para a capital, estudar e se fazer doutor em medicina. O pai de Baltazar, seu Tião, teve que fazer a escolha em estudar um filho, outro não, por causa de sua condição financeira que não era lá muito boa. Vendo que Tônico era mais estudioso foi o escolhido. Já Baltazar gostava de labutar com o gado e na roça, ficou para ajudá-lo na fazenda. Ele não importou porque era a vida que gostava a vida que pediu a Deus.
Os anos passaram Tônico se fez doutor em medicina, mais ele não esqueceu suas origens simples lá da roça nem a família, sempre estava por lá, agradava principalmente ao irmão, porque nunca cobrou nada dos pais por não ter estudado, pelo contrário tinha orgulho de ter um irmão doutor.
Meses passando e o aniversário de Baltazar chegou e o irmão para agradá-lo levou de presente uma bicicleta. Novidade para toda família que nunca tinha visto nada parecido, ficaram matutando o que seria aquela coisa de ferro com duas rodas, foi aí que Tônico explicou que era uma bicicleta um meio de transporte onde à pessoa montava. Ela andava quando era pedalada, que na capital era muito usada. E que ela seria útil para Baltazar quando fosse ter que sair ás pressas para ver um bezerro ou mesmo ir ao povoado, porque era mais prática que um cavalo em certas horas.
Aí ele montou, mostrando para toda família como era fácil andar nela, ledo engano seu pensar assim. Porque tudo aconteceu quando Baltazar tentou andar na bicicleta, coloco-a em linha reta como tinha visto o irmão fazendo. Foi aí que a coisa esquentou, fedendo chifre queimado, porque ele não tinha equilíbrio nenhum. A bicicleta desceu com ele ladeira a baixo, só parando quando deu de encontro a um buraco jogando-o dentro dele, teve alguns hematomas não muito grave, além é claro de ter ficado sujo de terra. Mas, não desistiu de montar nela, queria por que queira fazer bonito para o irmão e para a família. Aí pensou se não deu certo ladeira a baixou vou ladeira a cima, assim caso pensado, colocou a danada em linha reta novamente, montando nela, a danada parecia que tinha vida própria, porque nem esperou tocar o pedal direito, que deu um coice, jogando-o de cara no chão, ganhando ele, alguns arranhões pelo corpo todo.
Levantou e disse para a bicicleta, já amansei até burro bravo, não será você que me vencerá. Vou tentar de novo, a levou para perto da cerca, montando nela novamente, segurou bem firme, começou a pedalar, como estava segurando na cerca deu tudo certo. Mas, foi o prazo de soltar às mãos da cerca, para pedalar, a danada criou vida própria. Começou a dar pinotes com ele em cima, vai daqui, vai dali, até que ela desceu com ele ladeira o baixo com tudo. Só parando quando deu de encontro com a cerca de arame farpado, foi um Deus nos acuda, porque ele ficou preso no arame, ferindo-se bem feio, além de ter rasgado a roupa toda, ficando preso no arame pela pele, demorou um tempão para Tônico tirá-lo de lá.
A mãe de Baltazar vendo o filho naquele estado pediu chorando para ele não montar naquela coisa brava. Ele não gostava de ver à mãe chorando obedeceu, foi para dentro de casa, machucado, cheio de hematomas, com muitos ralados pelo corpo, sangrando, roupa toda rasgada. Disse, essa danada me venceu pelo pedido da mãe, não vou mais tentar montá-la, prefiro amansar burro bravo, porque sei como lidar como ele. Isso é coisa para o Tônico que mora na cidade, sabe das coisas finas. E assim a bicicleta ficou guardada sem utilidade nenhuma no paiol da fazenda, Baltazar não gostava de ouvir falar da danada que ficava verde de raiva. Tônico aprendeu que nem todo presente agrada e alegra quem recebe que para o seu irmão se tivess e dado um boi teria sido o presente ideal.


Lucimar Alves



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